Estudos da USP analisam efeitos do crack sobre neurônios e ajudam a explicar “efeito zumbi”
O crack (mistura da pasta bruta de cocaína, bicarbonato de sódio e água) é bem conhecido por provocar um “efeito zumbi” naqueles que o usam frequentemente. Alguns estudos realizados recentemente na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo (USP) têm esclarecido o porquê.O grande problema é que quem fuma uma pedra de crack inala não apenas a cocaína, mas também uma substância derivada de sua pirólise (a decomposição pelo calor), um éster chamado metilecgonidina (AEME).
E, usando uma cultura in vitro primária de neurônios extraídos do hipocampo (região cerebral ligada à memória) de fetos de ratos, os pesquisadores Raphael Caio Tamborelli Garcia e Tania Marcourakis concluíram que a AEME provoca a morte de neurônios de um modo muito mais agressivo do que ocorre quando o usuário cheira ou injeta a cocaína.


E como essa morte de neurônios ocorre?
Segundo outro estudo, feito por Livia Mendonça Munhoz Dati e com a supervisão de Marcourakis, a AEME provoca a morte das células por um processo chamado apoptose:
trata-se de uma autodestruição em que a célula se retrai até desaparecer. Mas, quando a cocaína entra no jogo, ocorre também a morte por necrose (quando a célula inflama, incha e se rompe).